FBI suspeita que propina do Catar a Ricardo Teixeira foi depositada em Mônaco

Mercredi 17 juin 2015

Qui, 11/06/2015 às 07:30

FBI suspeita que propina do Catar a Ricardo Teixeira foi depositada em Mônaco

Jamil Chade

O FBI identificou depósitos vindos de empresas do Golfo Pérsico nas contas de Ricardo Teixeira em Mônaco, num indício que levou os investigadores norte-americanos a suspeitarem que o brasileiro recebeu dinheiro por votar pelo Catar para sediar a Copa de 2022.

Na semana passada, o jornal « O Estado de S. Paulo » revelou com exclusividade que a empresa que organizava os amistosos da seleção brasileira entre 2006 e 2012, a Kentaro, foi alvo de uma ação da Justiça suíça. Os empresários foram questionados sobre a realização de um amistoso entre Brasil e Argentina no Catar, em novembro de 2010.

A Kentaro não está sendo processada. Mas a suspeita é de que o jogo foi usado pelos empresários do Catar e pelos organizadores da campanha de 2022 como a forma de pagamento da propina, tanto a Teixeira como ao então presidente da Associação Argentina de Futebol, Julio Grondona. Alguns dias depois, ambos votariam pelo Catar para sediar a Copa.

Agora, uma conta foi identificada em nome de Teixeira em Mônaco e já estaria bloqueada. Ao levantar os depósitos feitos na conta, os investigadores norte-americanos e suíços descobriram diversas transferências vindas de contas no Golfo.

Numa investigação interna, a Fifa disse que não encontrou indícios de que o jogo foi usado para o pagamento de propinas. Mas as investigações da Justiça da Suíça e dos Estados Unidos apontam que as empresas que fizeram os pagamentos são as mesmas que hoje estão construindo os locais que receberão os jogos da Copa de 2022.

Essa não é a primeira vez que a conta de Mônaco é mencionada. Durante a Copa de 2014, um site francês dedicado ao jornalismo investigativo, Mediapart, revelou uma gravação em que banqueiros falam sobre Teixeira e sua conta com 30 milhões de euros no principado.

O banco usado seria o Pache, uma filial do grupo Credit Mutuel. O caso estaria sendo investigado pelas autoridades monegascas por lavagem de dinheiro, num processo conduzido pelo juiz Pierre Kuentz. Em gravações realizadas pela Justiça e obtidas pelo jornal francês, o nome de Teixeira é citado pelo diretor do banco, Jürg Schmid.

« Nós, no banco Pasche, temos uma situação em que devemos provavelmente aceitar clientes que outros bancos certamente não aceitariam », disse. Ele explicaria de forma mais precisa sua declaração. « Eu tenho um, o grande brasileiro », afirmou.

« Eu sei muito bem que nenhum outro banco de Mônaco queria abrir uma conta dele », disse. « Agora, ninguém o quer porque se trata verdadeiramente de uma fria », estimou. « Mas nós fizemos tudo, já que temos a declaração de imposto e a declaração dos tribunais que dizem que ele não foi condenado », declarou. « Evidentemente, ele é conhecido, mundialmente conhecido », afirmou. « Portanto, existe um risco de reputação ».

O banqueiro chegou a dar explicações sobre a origem do dinheiro. « Sabemos que ele recebeu dinheiro em troca de favores, mas não são políticos », disse. « Decidimos juntos que nós o receberíamos porque ele nos traz 30 milhões e isso não é pouco », declarou Schmid.

Teixeira teria passado pelo principado em janeiro, fevereiro, abril e maio de 2014, sempre ficando pelo menos dois ou três dias. O cartola se hospedava no luxuoso hotel Metropole. Isso não seria por acaso : o hotel fica a poucos metros do banco.

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